
Lisboa recebe o School Innovation Forum 2025 sobre bem-estar digital na educação
Decorreu em Lisboa, nos dias 27 e 28 de maio, o School Innovation Forum 25 (#SchoolI25), subordinado ao tema “Bem-estar Digital: Navegar na Tecnologia nas Escolas”. O evento reuniu especialistas e educadores de diversos países europeus para debater o equilíbrio entre o uso da tecnologia e o bem-estar no contexto escolar.
Nos dias 27 e 28 de maio, Lisboa acolheu o School Innovation Forum 2025, um encontro europeu dedicado a discutir o equilíbrio entre a tecnologia e o bem-estar dos alunos nas escolas. O evento, realizado no auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, foi organizado pela European Schoolnet, em parceria com a Direção-Geral da Educação (DGE), o qual reuniu especialistas e educadores de vários países para trocar experiências, debater estratégias e explorar as melhores práticas para promover o uso consciente das tecnologias, sempre com foco na saúde digital e no bem-estar dos alunos.
A sessão de abertura contou com intervenções de representantes de instituições europeias e nacionais, que sublinharam a importância de integrar a tecnologia de forma equilibrada, responsável e consciente em contexto escolar. Entre os oradores estiveram Marc Durando, Diretor Executivo da European Schoolnet; David Sousa, Diretor-Geral da Educação de Portugal; Francesca Maltauro, da Comissão Europeia (DG EAC); e June Lowery-Kingston, também da Comissão Europeia (DG CONNECT).
Um dos momentos altos do primeiro dia do #SchoolIF25 foi a partilha de perspetivas sobre os hábitos digitais e o seu impacto no bem-estar de crianças e jovens:
-Marco Gui (Università degli Studi di Milano-Bicocca, Itália) defendeu uma autonomia digital faseada, com zonas digitais seguras e orientadas para os mais novos.
-Kristiina Tammisalo (Population Research Institute, Finlândia) realçou os impactos dos telemóveis nas dinâmicas familiares, apelando a uma reflexão aprofundada sobre os hábitos digitais dos adultos, para além da atenção dedicada às crianças.
Seguiu-se o painel “Insights from Policy: Wellbeing in Digital Environment in School”, moderado por Konstantinos Andronikidis, Gestor de Políticas Educativas na European Schoolnet, que contou com a participação de especialistas:
-Cosmin Nada, investigador do Centre for Research and Studies in Sociology (CIES-ISCTE) em Portugal;
-Klara Bilić Meštrić, especialista em projetos do Departamento de Apoio à Educação da Croatian Academic and Research Network (CARNET);
-Raffaella Carro, investigadora sénior do INDIRE, o Instituto Nacional Italiano para Documentação, Inovação e Investigação Educacional;
-Mustafa Canli, Diretor-Geral para Inovação e Tecnologias Educativas do Ministério da Educação da Turquia.
Durante a tarde, os participantes assistiram a duas das três sessões paralelas sobre os desafios atuais e soluções práticas:
Sessão 1 - “Navigating the online world: adressing risks and building resilience in schools”, moderada por Sabrina Vorbau (European Schoolnet), contou com a intervenção de Carolina Soares, responsável pela equipa da Linha de Apoio à Internet Segura da APAV (Unidade de Cibercrime), que abordou questões como ciberbullying, tempo de ecrã e dependência digital, e apresentou estratégias para reforçar a resiliência dos alunos e apoiar a sua saúde mental e segurança online.
Sessão 2 - “Wellbeing by design: how industry can support schools to create better digital learning environment”, moderada por Christina Makarona (European Schoolnet), teve como orador Panagiotis Kampylis, professor adjunto na Universidade de Pireu e consultor independente, que destacou a
importância do design consciente das tecnologias e da colaboração entre educadores e empresas de EdTech.
Sessão 3 - “Digital wellbeing for all, within and beyond the classroom”, moderada por Eirini Symeonidou (European Schoolnet), contou com Sara Heinrich (EinrichtWerk GmbH) e Michelle Wothe (eduhu), que abordaram o papel do design escolar, da flexibilidade pedagógica e dos modelos híbridos no apoio ao bem-estar. Em atividade de grupo, os participantes identificaram fatores críticos para o bem-estar digital, como a diversidade dos alunos, desafios de tempo e recursos tecnológicos, e partilharam boas práticas como mobiliário flexível, espaços seguros, uso colaborativo da tecnologia e apoio entre pares.
O segundo dia do Fórum iniciou-se com uma reflexão sobre as sessões anteriores, que abordaram temas como liderança escolar, práticas pedagógicas inovadoras com tecnologia e o envolvimento da comunidade educativa na criação de ambientes digitais equilibrados.
Seguiu-se um painel com Líderes Digitais: cinco alunos do ensino secundário português, moderados por Sabrina Vorbau, partilharam iniciativas lideradas por jovens que estão a transformar o uso da tecnologia nas escolas. Entre os projetos destacaram-se ensino entre pares, simulações de phishing, programas anti-bullying e dias sem telemóveis. Os jovens sublinharam a necessidade de serem ouvidos nas decisões sobre o digital e reivindicaram políticas inclusivas e espaços seguros para construir um bem-estar digital real.
Depois das inspiradoras intervenções dos alunos, teve lugar um painel com representantes de empresas e fundações com papel relevante na educação digital:
-Dee Bradshaw (Microsoft),
-Ruben Cammaerts (SMART Technologies),
-Marie-Claire Certiat (Airbus Foundation)
-Alberto Rosacchino (Acer),
O painel foi moderado por Christina Makarona. O debate centrou-se no compromisso das organizações em desenvolver produtos e políticas
centradas no bem-estar, reforçando a importância de parcerias entre escolas, empresas, famílias e decisores políticos.
Seguiu-se um painel moderado por João, Embaixador Europeu BIK Youth, que reuniu especialistas para discutir o papel da educação digital na construção de uma Internet mais segura e equilibrada. Participaram:
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Eva Lopez (Internet Sans Crainte, França)
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Anna Rywczyńska (NASK e Safer Internet Centre da Polónia)
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Carolina Soares (Linha Internet Segura / APAV)
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Charalambos Vrasidas (CARDET e Universidade de Nicósia)
Destacaram-se temas como a importância de uma educação digital precoce, o exemplo dos adultos, ferramentas práticas para famílias e escolas, e a promoção de uma cultura digital baseada na empatia e no bem-estar.
Na sessão de encerramento, Maria João Horta, Subdiretora-Geral da Educação, reforçou a importância de uma abordagem europeia colaborativa e do papel das políticas públicas na promoção de ambientes digitais saudáveis nas escolas.
O Fórum foi encerrado por Jan De Craemer, Presidente do Steering Committee da EUN, com a mensagem clara: “O bem-estar digital nas escolas não se resolve com cronómetros ou cortes de Wi-Fi. Trata-se de criar ambientes de aprendizagem intencionais, baseados na confiança, na inclusão e na ligação humana real.”
Mais do que identificar riscos, o School Innovation Forum 2025 foi um palco de soluções, boas práticas e experiências colaborativas que apontam para uma cultura digital mais saudável, inclusiva e consciente nas escolas de toda a Europa.